Vladimir Putin reuniu-se ontem com a África do Sul uma conversa telefónica com o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, com quem discutiu o acordo sobre a exportação de cereais ucranianos através do Mar Negro e os preparativos para a cimeira dos BRICS, informou o Kremlin.
Putin indicou a Ramaphosa que as obrigações estabelecidas pelo pacto no que diz respeito à “eliminação dos obstáculos à exportação de géneros alimentícios e fertilizantes russos”, ainda não foram cumpridas“. Além disso, “o principal objetivo do acordo, o fornecimento de cereais aos países carenciadosincluindo os do continente africano, não se concretizou“, acrescentou o dirigente russo, de acordo com um comunicado divulgado pela Presidência russa.
O acordo sobre a exportação de cereais através do Mar Negro expira na próxima segunda-feira.A Rússia ainda não se pronunciou sobre a sua eventual prorrogação.
Os dois líderes também discutiram os preparativos para a próxima cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que terá lugar em Joanesburgo.
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“O presidente sul-africano informou sobre os preparativos para a cimeira dos BRICS, prevista para 22-24 de agosto, em Joanesburgo”, refere a nota oficial, sublinhando que a conversa entre Putin e Ramaphosa teve lugar por iniciativa da parte sul-africana.
Anteriormente, Ramaphosa afirmou que a cimeira seria cara a cara, sem mencionar a situação em torno do mandado de prisão de Putin emitido pelo Tribunal Penal Internacional. Entretanto, o Kremlin disse esta semana que o presidente russo ainda não tinha tomado uma decisão sobre o formato em que participaria na reunião.
De acordo com o comunicado presidencial russo, Putin e Ramaphosa realizarão uma reunião bilateral em São Petersburgo no final de julho, no âmbito da segunda cimeira Rússia-África a ser organizada pela cidade russa.
Os dois líderes tiveram a oportunidade de se encontrar em São Petersburgo em junho passado, quando Putin recebeu uma delegação africana liderada por Ramaphosa para discutir o conflito na Ucrânia e conhecer a sua iniciativa de paz de 10 pontos.
O plano africano prevê a resolução pacífica do conflito, negociações de paz, desanuviamento de ambos os lados. e o reconhecimento da soberania dos países de acordo com a Carta das Nações Unidas e os seus princípios.
Prevê também garantias de segurança para todos, bem como o levantamento dos obstáculos à circulação de cereais e fertilizantes dos dois países, e apoio humanitário às vítimas do conflito, incluindo crianças, que “se tornaram reféns” e “devem regressar” às suas casas.
Os pontos da iniciativa de paz dos países africanos incluem também a troca de prisioneiros e a “reconstrução pós-guerra” da Ucrânia.. O Kremlin garantiu que a discussão deste projeto continuará durante a cimeira Rússia-África em São Petersburgo.
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