Boric lança plano de busca dos 1.469 desaparecidos pela ditadura de Pinochet

Marcia Pereira

O O Presidente do Chile, Gabriel Boric, assinou na quarta-feira um decreto que dá lugar a uma política sem precedentes de procura de vítimas de desaparecimentos forçados durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

O plano visa clarificar o destino dos desaparecidos, que se calcula serem cerca de 1.469 pessoas, das quais apenas 307 foram encontradas.

“Estou convencido de que a democracia é memória e é o futuro e uma não pode ser uma sem a outra”, afirmou o Presidente chileno durante uma cerimónia emotiva que se seguiu, visivelmente emocionado, rodeado de políticos, activistas dos direitos humanos e familiares das vítimas da tirania.

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“Somos responsáveis como Estado, não apenas como governo, por mover todas as barreiras para esclarecer as circunstâncias do desaparecimento e/ou morte das vítimas de desaparecimento forçado”, sublinhou.

Entre os objectivos delineados nesta política pública iniciada por Boric contam-se “localizar, recuperar, identificar e devolver os restos mortais das vítimas”.s de los personas víctimas de desaparición forzada”, todos os opositores políticos da ditadura e/ou militantes de esquerda.

O Estado não responde às famílias e à sociedade em geral para dar as respostas que o país precisa, os desaparecidos fazem falta a todos nós”, sublinhou o chefe de Estado chileno.

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Um dos desafios mais complexos que esta política enfrenta é “reconstruir as trajectórias das vítimas de desaparecimento forçado, incluindo a sua detenção e rapto até ao seu destino final”, um dos seus principais objectivos.

O processo também inclui, responsabilização à sociedade chilena sobre o andamento desses processos, bem como a implementação de medidas de reparação e garantias de não repetição da prática desse tipo de crime.

“O Estado chileno nunca deu qualquer explicação ou ato de deferência às esposas, filhos e filhas, mães e pais, netos e netas dos desaparecidos, enquanto as suas famílias procuravam desesperadamente”, afirmou Gabriel Boric, presidente da Agrupación de Familiares de Detenidos Desaparecidos (AFDD), Gaby Rivera, no seu discurso.

A dirigente da AFDD sublinhou a “vontade política” do Presidente e insistiu no acompanhamento que os grupos de familiares farão da execução deste plano.

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